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sábado, 5 de novembro de 2011

TOM JOBIM - Um homem dedicado a produzir beleza


Tom Jobim musicou de maneira real e imaginária nossa terra, nossos bichos, nossas matas, suas sombras, ruídos, seus vôos e movimentos. São sons suaves, leves, às vezes brincalhões, mas acima de tudo, sons brasileiros. Tom sonha e canta o positivo, o lado mágico de uma terra feita do que é bom, isso sem nunca deixar de mostrar nossos contrastes.

Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu na Tijuca, no Rio de Janeiro em 25 de janeiro de 1927. Aos quatro anos de idade, mudou-se com os pais para a Zona Sul, passando a morar no bairro de Ipanema e depois em Copacabana.
No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza de Otero Hermanny (1985), com quem teve dois filhos, Paulo (1950) e Elizabeth (1957).

Em 30 de abril de 1986, ele casou-se com a fotógrafa e vocalista da Banda Nova, Ana Beatriz Lontra, que tinha a mesma idade de sua filha Elizabeth. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979 – 1998) e Maria Luiza (1987) 
É considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira pela revista Rolling Stone, e um dos criadores do movimento da bossa nova. É praticamente uma unanimidade entre críticos e público em termos de qualidade e sofisticação musical.

A ausência do pai, Jorge de Oliveira Jobim, durante a infância e adolescência impôs a Tom um contido ressentimento que resultou numa profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas.
Tom Jobim começou tocando violão. Aos 14 anos seu padrasto, Celso Frota Pessoa, levou-o a estudar piano com Hans Joachim Koellreutter. Estudou também flauta, harmonia,orquestração e composição, tendo como professores Lúcia Branco, Tomás Teran, Alceu Bochino, Paulo Silva, Chinkievski e Leo Peracchi. O adolescente começava a ser preparado para o longo e criativo caminho de compositor, arranjador, intérprete e produtor. Pretendia estudar arquitetura, mas sua vocação musical era maior e fez com que abandonasse essa carreira. Ao piano ou ao violão Tom bebeu, ao longo de toda a sua vida, na fonte da velha guarda da MPB, inspirando-se em Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazatreth, Sinhô, Ary Barroso, Pixinhinha e Dorival Caymmi.

No início da carreira trabalhou como pianista de bares e boates cariocas, indo depois para a gravadora Continental, onde transcrevia para a pauta as melodias de compositores que não conheciam música e fazia arranjos para as gravações. Em 1953, teve suas primeiras músicas gravadas pela Sinter:

Incerteza, cantada por Mauricy Moura, lançada em abril de 1953, Pensando em Você e Faz uma Semana, na voz de Ermani Filho, lançada em junho do mesmo ano.
 
Em 1954, obteve seu primeiro sucesso - Tereza da Praia, em parceria com Billy Blanco, interpretado por Dick Farney e Lúcio Alves. Nesse ano, também em parceria com Billy Blanco, compôs a Sinfonia do Rio de Janeiro. Nessa época teve como parceiros: Dolores Duran, Luis Bonfá, Marino Pinto e, mais constantemente, Newton Mendonça, com quem fez Foi a Noite, Meditação, Desafinado, Samba de uma Nota Só e outras.
A partir da gravação de Desafinado, por João Gilberto, em 1958, começou a definir-se o movimento Bossa Nova, que viria a se tornar internacionalmente conhecido. Tom Jobim foi o grande responsável em dar o alcance internacional à música brasileira.

Em 1956, Tom conheceu Vinicius de Moraes, que o convidou para musicar a peça Orfeu da Conceição, quando então, escreveu para uma orquestra com mais de 80 instru­mentos. A peça foi montada com cenários de Niemeyer, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e a gravação das músicas, entre elas,  Se todos fossem iguais a você  foi lançada em LP pela Odeon. Este foi o início de uma das mais fecundas parcerias da MPB. A dupla Tom/Vinícius passou a ser conhecida em todo o mundo em virtude do sucesso do filme Orfeu Negro, dirigido pelo francês Marcel Camus e baseado na peça Orfeu da Conceição. O filme recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1959 e o Oscar de melhor filme estrangeiro em Hollywood, EUA.

De 1956 a 1958, ocupou o cargo de Diretor Artístico da Gravadora Odeon. Ainda em 1958, Elizete Cardoso, acompanhada por orquestra e o violão de João Gilberto, gravou o LP Canção do Amor Demais, com músicas suas e de Vinícius, entre elas Chega de Saudade. Este LP lançado por João Gilberto, em 1959 - é considerado o ponto de partida de Movimento Bossa Nova. 

Em 1960, a convite do presidente Juscelino Kubitschek, escreveu a Sinfonia da Alvorada em parceria com Vinicius de Moraes, que comemorou a inauguração de Brasília. Nessa época também compôs várias músicas com Aloysio de Oliveira, que foram sucesso nas gravações de Silvia Telles, como Dindi e Inútil Paisagem. Em 1962, sob o patrocínio do Itamaraty, viajou aos EUA com outros integrantes do chamado Grupo Bossa Nova, apresentando-se no Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall em Nova lorque. 
Pouco antes dessa viagem, compôs com Vinícius de Moraes o maior sucesso de sua carreira: Garota de Ipanema que tem mais de 200 gravações por todo o mundo. Esta canção recebeu da BMI, em 1986, o prêmio “Millionaired Songs - canções que foram ao ar mais de um milhão de vezes. Ainda em 1962, é lançado o LP João Gilberto com interpretação de João Gilberto e arranjos de Tom Jobim, que foi indicado para o Grammy da National Academy of Reording Arts Sciences na categoria: Best Background Arrangment.

Em 1963, nos EUA, gravou dois discos: um ao piano, acompanhado de orquestra, intitulado AntonIo Carlos Jobim, the composer of Desafinado plays e outro com Stan Getz, João Gilberto e Milton Banana. O ano de 1965 passou-o quase que inteiro na Califórnia, tendo participado de programas de televisão com Andy Willians, Frank Sinatra e Ella Fitzgerald. Neste mesmo ano lança, nos EUA, oLP The Wonderful Worlof Antonio Carlos Jobim, com Nelson Riddle e também A Certain Mr. Jobim, com arranjos de Claus Ogerman.
Em 1967, a convite de Frank Sinatra, viajou de novo para os Estados Unidos para a gravação do álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, cujo repertório de dez músicas incluía sete composições de Tom. Este LP foi indicado para o Grammy da National Academy of Recording Arts & Sciences, como álbum do ano. Ainda em 1967 é lançado o LP Wave. Em 1968 ganhou o primeiro lugar no Ill Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo do Rio de Janeiro, com a música Sabiá, em parceria com Chico Buarque e interpretada por Cynara e Cybele. 
Durante a década de setenta continuou gravando e compondo, inclusive para o cinema (The Adventureus, Crônica da Casa Assassinada, Tempo do Mar). Entre os discos individuais da década se encontram The Adventurers, Tide e Stone Flower (1970), Matita Perê (1973) e Urubu (1976). Entre as colaborações destacam-se Sinatra & Company (1971) e Elis e Tom (1974). São desse período os sucessos: Águas de Março, Olha Maria, Chovendo na Roseira, Matita Perê.

Em 1980, lança o LP Terra Brasilis, com arranjos de Claus Ogerman, um álbum duplo reunindo os maiores sucessos de sua carreira. Em 1982, foi agraciado com o Prêmio Shell para a música popular, que se destina a homenagear nomes que tenham contribuído decisivamente para o engrandeci­mento da música brasileira, tanto popular como erudita.

Continua compondo ativamente, inclusive para cinema e TV. Destacam-se na década de 80 as trilhas sonoras dos filmes

 Gabriela (1983), de Bruno Barreto e Para Viver um Grande Amor (1983), de Miguel Farias, e a valsa Luiza, tema musical da novela Brilhante, da TV Globo. No ano de 1984, apresenta-se no Wiener Konzerthausgesellechaft, tocando com a ORF Sinfonieta de Viena e, no mesmo ano, forma a Banda Nova com os músicos Paulo Jobim, Danilo Caymmi, Sebastião Neto, Jacques Morelenbaum, Paulo Braga e as cantoras Ana Jobim, Elizabeth Jobim, Paula Morelenbaum, Maúcha Adnet e Simone Caymmi. Junto com a Banda Nova apresenta-se no mundo inteiro.

A partir dos anos 80, passa a escrever  textos que são publicados nos livros Ensaio Poético Tom Jobim e Ana Jobim (1987), com fotografias tiradas por sua esposa Ana Jobim e Jardim Botânico, com fotografias de Zeca Araújo. Realiza também o projeto Visões do Paraíso -  A Mata Atlântica, em que participa de um vídeo e escreve um livro, acompanhado de fotografias de Ana Jobim, sobre a floresta. Em 1987, lança o CD Passarim, com arranjos e produção de Paulo Jobim e Jacques Morelenbaum, onde toca acompanhado pela Banda Nova. Este disco recebeu, em 1988, os prêmios Sharp, Disco de Ouro e Prêmio da Crítica Brasileira como o melhor disco do ano. 
Neste período teve sua obra gravada em songbooks por Ella Fitzgerald, no disco Ella abraça Tom Jobim (1981) e por Salina Jones -  Salina sings Jobim with Jobim ‘s(l994). Teve também suas apresentações registradas em diversos vídeos como Antonio Brasileiro, Tributo a Tom, Tom Jobim e a Bossa Nova e outros.

Em 1994, lança o CD Antonio Brasileiro produzido por Paulo Jobim e com participações especiais de Dorival Caymmi e Sting. O álbum ganhou, em 1996, o Grammy da National Academy of Recording Arts & Sciences na categoria: Best Latin Jazz Performance.

Recebeu prêmios e homenagens em todo o mundo, entre os quais: o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Rio de Janeiro, em 1990, o título de Grand Comandeur des Arts et Lettres, da Legion D ‘Houneur, em 1989, Doutor Honoris Causa da Universidade de Lisboa, em 1993 e a Ordem do Rio Branco, em 1990.

Em 1992 foi enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte. Tom faleceu em 08 de dezembro de 1994, de parada cardíaca quando estava se recuperando de um câncer de bexiga no Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque.O Brasil perdeu um pouco do seu Tom, e o mundo perde um dos maiores gênios musicais do nosso tempo. Mas, como o próprio Tom Jobim disse, em 1971, numa entrevista a Clarice Lispector, “a morte não existe”, Tom permanece vivo nas canções e na memória do povo, que como ele, nunca deixou de ser Brasileiro. 





 

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