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sábado, 17 de dezembro de 2011

Chapada Diamantina - Oásis no Sertão

Situada no coração da Bahia, a Chapada Diamantina compreende uma das mais belas paisagens de eco-sistema de montanha, apresentando elevações razoáveis e clima ameno durante quase todo ano, esfriando apenas nas noites de inverno. Nesta vastidão verde de serras e vales correm rios cristalinos, caem cascatas e cachoeiras e grandes espelhos d´agua refletem um céu azul profundo. A Chapada é como um oásis no meio do sertão.
Conhecer essa região e todos os seus atrativos requer, além de tempo, um verdadeiro espírito de aventura; para andar em trilhas, escalar morros, atravessar matas e alcançar locais incomparáveis, cuja beleza só pode ser descrita com os próprios olhos.
A criação e ocupação das cidades e vilas da Chapada Diamantina é fruto direto da exploração do diamante. Antes da descoberta desta pedra preciosa a região era vagamente povoada e ainda comandada pelos índios Maracás, que respondiam com violência à chegada de estranhos. A agropecuária praticada nas grandes fazendas era a atividade econômica principal.
Em 1710, com a descoberta de ouro no sul da Chapada (próximo ao rio de Contas Pequeno) e a conseqüente chegada de bandeirantes e exploradores vindos de outros pólos mineradores, começou a colonização da região.
Não se sabe ao certo quando o diamante foi encontrado pela primeira vez na Chapada Diamantina. Com as tentativas do governo português de controlar e até impedir a exploração de pedras preciosas no Brasil para evitar a queda de preços no mercado internacional e garantir o pagamento do quinto, certamente essa atividade certamente já existia antes das explorações regulamentadas. Em 1844, com o anúncio da descoberta de diamantes muito valiosos próximo ao rio Mucugê, começou a corrida pela pedra na região. Garimpeiros vindos do Arraial do Tijuco (hoje Diamantina) e locais já em crise devido ao fim do ciclo do ouro puxaram a população itinerante que explorava o Brasil atrás de riquezas. Comerciantes, colonos (responsáveis pelas plantações), jesuítas, contrabandistas e estrangeiros se espalhavam em vilas marcadas pela falta de leis e autoridades oficiais.
 
É importante destacar também a exploração do carbonato na Chapada Diamantina. Inicialmente desprezado pelos garimpeiros, a partir de 1871 foi disputado a altos preços pelos países europeus, interessados em elementos resistentes para as máquinas e construções que alavancavam a Revolução Industrial.
O esgotamento parcial das jazidas de diamante foi agravado pela descoberta de novas fontes no sul da África, iniciando um longo período de recessão e pobreza. As atividades agropecuárias voltaram a ser a principal fonte de renda e emprego da região, ao mesmo tempo em que favoreciam a concentração de poder e dinheiro pelos grandes coronéis.
Região marcada por grandes diferenças sociais e concentrações de renda, a Chapada Diamantina foi, da segunda metade do século XIX até década de 1930, um barril de pólvora comandado por poucos e muito poderosos coronéis. As tradicionais famílias proprietárias de terra davam abrigo e emprego para os colonos e exploradores a procura de riquezas, e em troca conquistavam a gratidão e fidelidade dessas pessoas. Formaram-se assim verdadeiros exércitos de jagunços dispostos a defender com a própria vida os interesses dos patrões.
As divergências entre coronéis levaram à criação de dois partidos políticos que, mais que uma posição ideológica, representavam uma escolha social. Os liberais e conservadores (ou pinguelas e mandiocas, apelidos dados a um pelo outro) dividiam-se em tudo, do uso obrigatório da cor-símbolo do partido à formação de duas orquestras filarmônicas que disputam as atenções nas festas populares.
As mudanças da transição do Império para a República, ainda que chegando com certo atraso à região, acirraram ainda mais a tensão política dos grupos rivais. A tentativa de centralização do poder em um governo federal (e a conseqüente perda de influência na política local) e a abolição da escravatura foram mudanças que assustaram a política conservadora local.
Com a morte do coronel Felisberto Augusto de Sá em 1896, acirraram-se as disputas pelo poder na região. Os coronéis Felisberto Sá e Heliodoro de Paula Ribeiro travaram, através de seus jagunços, uma verdadeira guerra na região. O seqüestro do filho de Felisberto, Francisco Sá, agravou a disputa, que só terminou com a intervenção do governador baiano.
Um período de relativa paz marcou a passagem de comando dos coronéis a seus sucessores. Horácio de Matos, sobrinho de Clementino de Matos (outro coronel), é chamado para assumir as áreas do tio e propõe paz entre as famílias. Um curioso início de carreira para o homem que, após violentas batalhas contra a Coluna Prestes, seria definitivamente considerado o coronel mais temido e respeitado da Chapada.

Cidades mais importantes da Chapada Diamantina:

Lençois:
A história do arraial fundado em 1845 por garimpeiros já em busca dos diamantes recém-descobertos da região é um reflexo das variações econômicas e políticas que essa atividade econômica impôs à Chapada Diamantina. Em pouco tempo as terras foram ocupadas por exploradores e comerciantes de diversos lugares do país, que em comum tinham a ambição do rápido enriquecimento.
Em 1856 a aglomeração ganhou o nome de Comercial Vila de Lençóis, em referência aos grandes comerciantes de pedras e mercadores, inclusive estrangeiros, que proliferavam na região. Como a circulação de dinheiro era muito grande em toda Chapada, enriqueceu também quem, atento às necessidades dos garimpeiros, soube vender a preços altos as mercadorias básicas, como alimentos (uma grande seca que começou em 1859 e durou três anos matou muitas pessoas de fome e evidenciou a falta de infra-estrutura dos aglomerados).
Até cerca  de 1871 a exploração das lavras diamantinas contribuiu para a construção de Lençóis. São desta fase as construções mais elaboradas da cidade, como a Capela de Nosso Senhor dos Passos, e nos saraus era comum usar diamantes para enfeitar as roupas dos participantes. Um consulado francês chegou a funcionar ali com a intenção de estreitar os laços comerciais entre a França e a região.
O esgotamento parcial dos solos da região e a concorrência de pedras encontradas no sul da África levou Lençóis  a uma era de extrema pobreza e escassez de recursos. O comércio e o garimpo foram abandonados por seus exploradores.
A plantação de café, e mais tarde, a extração do carbonato (de mesma composição do diamante, porém menos concentrado) ajudam a retomar em parte a economia da cidade.
A decadência da região evidenciou ainda mais os conflitos políticos encabeçados por coronéis e levados ao extremo pelos jagunços. Mais uma vez a lei do mais forte ditava os limites em toda a região, em conflitos que durante décadas resultaram em assassinatos, seqüestros e até uma cinematográfica luta contra os membros da Coluna Prestes, em 1926.

Mucugê:
Cidade pacata e aconchegante, tombada pelo Patrimônio Histórico, tem 15.000 habitantes, está a 1.000 m de altitude, clima serrano e detêm 52% da área do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Suas principais atividades econômicas são o agro-negócio, cultivo de flores e turismo.
De arquitetura colonial totalmente preservada e ruas bem limpas, chamam a atenção os seus jardins e canteiros bem floridos.
O Alto do Capa Bode é considerado um local de contemplação, onde habitantes e visitantes garantem ali terem avistado OVNIs - Objetos Voadores Não Identificados.
Mucugê oferece também locais de rara beleza, como cachoeiras, paisagens, vales e canyons, histórias de lutas pela posse do garimpo, de defesa contra a invasão da Coluna Prestes e de destemidos coronéis que eram respeitados pelo poder e riqueza. 

A flora está repleta de espécies vegetais de rara beleza, como bromélias, canelas-de-ema, begônias, e as requisitadas orquídeas. A fauna é habitada por varias espécies de aves, destacando-se o beija-flor, a sariema, a perdiz, o sabiá, podendo ser vistos facilmente em volta do Alpina. Desenvolveu e implantou o “Projeto Flores” em uma estufa de 10.000 m2 e criou uma cooperativa que promove a auto-sustentabilidade com venda das flores.
A energia e paz que o local transmite aos visitantes fazem de Mucugê um conto de histórias e encantos naturais da Chapada Diamantina. Seu clima serrano com  temperaturas amenas oferecem  conforto térmico inusitado, em meio ao oeste baiano. Um oásis!

Andaraí:
Localizada ao lado do rio Paraguaçu, esta cidade foi fundada em 1845  pelo Capitão Joaquim de Figueiredo, vindo de Minas Gerais com toda família e empregados em busca das riquezas recém-descobertas na região. O nome da cidade significa "Rio dos Morcegos" na língua dos primeiros habitantes do local, os índios Cariris.
Atualmente Andaraí tem uma população de cerca de 6000 pessoas, que têm na agropecuária sua principal atividade econômica. O turismo vem se desenvolvendo muito na cidade, que tem a vantagem de oferecer fácil acesso às atrações naturais da Chapada Diamantina. A localização da cidade às margens da estrada que liga Mucugê a Lençóis tem atraído investimentos na área de hotelaria.

Rio de Contas:
Os primeiros habitantes da região de Rio de Contas foram escravos alforriados que se reuniram no Arraial dos Creoulos. No início do séc. XVIII, com a chegada de bandeirantes interessados em novas regiões de exploração do ouro, um novo arraial  (hoje chamado de Mato Grosso)) foi fundado, atraindo mais pessoas para a região. Também nessa época chegaram os padres jesuítas.
Em 1746, o arraial dos Creoulos passou a chamar-se Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas, nome herdado da transferência de uma vila vizinha que, devido a constantes enchentes, sofria de uma epidemia da "febre de mau caráter".
Rico em ouro de aluvião, o município viveu na segunda metade do século XVIII uma época de grande prosperidade econômica. As tradicionais famílias importavam da Europa peças de uso pessoal e de decoração e, numa celebração à abundância, pó de ouro era lançado nos Imperadores e Rainhas durante as procissões da festa do Divino Espírito Santo. Também são desta época os casarões em estilo colonial, hoje tombados pelo patrimônio.
Toda esta prosperidade decaiu já por volta de 1800 com a escassez do ouro, e agravou-se com a descoberta de diamantes na Chapada Diamantina quatro décadas depois. Grande parte da população de Rio de Contas que havia fundado a cidade transferiu-se para Mucugê em busca de novas riquezas. O artesanato passou a ser sua principal atividade econômica.

Igatu:
Durante o auge do ciclo e exploração do diamante, Igatu, ou Xique-xique (como era conhecida então), serviu como base  para garimpeiros, comerciantes e viajantes que transitavam por Andaraí e Mucugê. A cidade, toda construída de pedra, chegou a abrigar mais de 3 mil pessoas, e lá eram encontrados todos os produtos necessários para os viajantes.
Com o declínio da economia, a cidade foi quase totalmente abandonada. Garimpeiros chegaram a destruir ruas inteiras na busca dos últimos diamantes, e sua área urbana aos poucos se transformou em ruínas, que lhe renderam o apelido de "cidade fantasma". Os moradores atuais deste distrito de Andaraí vivem em uma pequena vila ao lado da antiga cidade, que tem na tranquilidade um de seus grandes atrativos. O turismo vem se firmando como principal fonte de renda. Durante o mês de julho, Igatu sedia um festival de inverno que atrai visitantes de toda a Bahia.

O sertão baiano já foi mar, há mais de 600 milhões de anos. A velha imagem do sertão é bem diferente nestas terras que um dia estiveram forradas  de pedras preciosas. A diversidade de paisagens deslumbrantes presentes em um mesmo lugar impressiona: grutas, cachoeiras, morros exuberantes, além de cidades históricas fazem da Chapada Diamantina um dos destinos mais originais do Brasil. 

Aspectos Culturais e Históricos

Com o surgimento do ciclo da mineração principalmente do diamante, na Chapada Diamantina, apareceram vários povoados. Na mesma época, o plantio de café e algodão produziu o surgimento do coronelismo, o qual dominou a região e suscitou o surgimento de muitas lendas. Dentre estas as mais difundidas são a da Moça Loura e a do escravo “Pai Inácio”.

Aspectos naturais

O relevo montanhoso apresenta formações características de chapadas, abrangendo a Serra do Sincorá, com altitudes variando de 400m a 1.200m. Essa diferença de altitude contribui para a biodiversidade da região, incrementada por um microclima de temperaturas agradáveis. Diversos cursos de água atravessam esse cenário criando saltos e cachoeiras.
A vegetação do parque se divide em campos rupestres, campos gerais e densas matas de galeria. As espécies mais encontradas são; o gravatá-de-cacho, a unha-de-vaca, orquídeas e bromélias.
Entre os animais, encontramos o quati, a cotia, a capivara, a onça-pintada e a suçuarana, além de répteis como a jibóia e a sucuri. Diversas aves habitam a região: periquitos, curiós e araras.

Clima

O clima da região é tropical, com temperatura média anual entre 22°C e 24°C. O parque pode ser visitado o ano todo. O período mais seco vai de agosto a outubro. Durante o verão as chuvas são abundantes, sendo mais concentradas entre os meses de novembro e janeiro. Nessa época as cachoeiras ficam mais cheias.

Atrações

Difícil mesmo é arrumar tempo para conhecer todas as atrações do parque. Cachoeiras de todos os tipos estão dentro de seus limites, inclusive a impressionante Cachoeira da Fumaça, que despenca de um paredão de 400m de altura. Para chegar até seu poço e depois subi-la, há um trekking de 3 dias. Aqui também está uma das caminhadas mais bonitas do país, o trekking do Vale do Pati.
Algumas atrações ficam fora dos limites do parque, mas são imperdíveis. O cartão postal da região é o Poço Encantado, uma gruta com um lago azul. Poço Azul, Gruta da Pratinha, Gruta Azul são similares. Gruta do Lapão e Gruta da Lapa Doce apresentam formações interessantes.
Para apreciar a paisagem fantástica da Chapada, o melhor ponto é o Morro do Pai Inácio, com 1.120m. A diversidade é tanta, que há até um pantanal, o Marimbus, com locais para banho e pesca. 













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